Cenário
AS TICs E A AGRICULTURA FAMILIAR
A utilização de ferramentas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) no meio rural já é uma realidade especialmente quando referente ao agronegócio. A esse contexto dá-se o nome de “agricultura digital”. No entanto, quando se lança um olhar sobre a pequena produção rural, a questão assume novos contornos e apresenta desafios e obstáculos ao desenvolvimento efetivo e particularidades que merecem atenção.
Vale destacar que existem pesquisas e grupos de estudo em diversas universidades brasileiras e que têm focado nessa temática. Isso sugere que uma nova realidade começa a ser desenhada para a agricultura familiar. Além disso, há convergências interessantes quando o assunto é tecnologia da comunicação. No entanto, a grande questão que se mantém sem respostas até hoje relaciona-se à apropriação das TICs por parte dos agricultores e suas famílias.
Isso indica que o desafio tecnológico pode ser mais fácil de ser superado que o desafio da inclusão digital propriamente dita, ou seja, além do hardware existe uma barreira cultural a ser transposta.
Além disso, conciliar a pequena e a média produção rural com desenvolvimento sustentável e inclusão digital se apresentam como os caminhos necessários e obrigatórios para uma nova realidade no campo embora complexos no tocante à operacionalização e à internalização no dia a dia dos agricultores.
O Censo Agropecuário de 2017, levantamento feito em mais de 5 milhões de propriedades rurais de todo o Brasil, aponta que 77% dos estabelecimentos agrícolas do país foram classificados como da agricultura familiar. Em extensão de área, a agricultura familiar ocupava no período da pesquisa 80,9 milhões de hectares, o que representa 23% da área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros.
De acordo com o levantamento, a agricultura familiar empregava mais de 10 milhões de pessoas em setembro de 2017, o que representa 67% do total de pessoas ocupadas na agropecuária. A agricultura familiar também foi responsável por 23% do valor total da produção dos estabelecimentos agropecuários.
Conforme o censo, os agricultores familiares têm participação significativa na produção dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros. Nas culturas permanentes, o segmento responde por 48% do valor da produção de café e banana; nas culturas temporárias, são responsáveis por 80% do valor de produção da mandioca, 69% do abacaxi e 42% da produção do feijão.
O II Simpósio Nacional de Agricultura Familiar Digital procurará responder alguns desses questionamentos. Para isso, contará com a presença de conferencistas de renome representando a ciência e o mercado além de instituições públicas.